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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tatuagens do amor

Por que algumas tatuagens são feitas na alma.

Anthony despertou de seu sono induzido um tanto quanto atordoado, lembrava-se vagamente da noite anterior, a única coisa que sabia, de fato, era que tivera outro de seus surtos, sabe-se lá o que teria feito, mas sentia que em breve descobriria.
Ainda atordoado tentou se levantar, mas sua cabeça parecia pesada demais para  seu corpo, e ele caiu na cama novamente. Após algum esforço conseguiu sentar-se á beira da cama.
O quarto totalmente branco lhe dava náuseas, Anthony não aguentava mais aquilo, era como uma tortura, mas ainda pior do que a qual era exposto todas as noites, com aquelas vozes e fantasmas que o atormentavam a alma, por vezes ele tinha consciência de que eram irreais, e provavelmente delírios causados por ele próprio e sua imaginação, ou fortes remédios, os quais era obrigado a ingerir. Mas algumas vezes, existiam certas coisas, certos momentos em que ele sentia como todo o seu ser que aquilo era real, e eram essas as suas piores crises, nas quais ficava totalmente incontrolável, e os psiquiatras não tinham outra escolha, a não ser sedá-lo, e era assim que ele, Anthony Nebel, passava os seus dias, parcialmente sedado.
Naquele quarto terrivelmente branco, havia somente uma cama, uma mesa de cabeceira, um cavalete de pintura com vários papéis, e ao lado desta, uma pequena mesa onde eram deixados, giz de cera e tinta, que costumavam acalmar Anthony. Naquele lugar não havia noção de tempo, as horas simplesmente não existiam, principalmente os dias, meses e anos, por isso ele não tinha a menor idéia de quanto tempo já se passara desde que ele se internara  naquele manicômio.
Ele se lembrava claramente de como tudo começara, e como fora parar naquele lugar, que talvez, e só talvez, fosse o melhor lugar que ele poderia estar, pois ali ele não atrapalharia, e nem machucaria ninguém, em momentos como os da noite passada, em que ele já não sabia quem era.


 



***

Rio de Janeiro, Fevereiro de 2000.


A noite já ia avançada e o calor estava insuportável, Anthony não conseguia dormir, se sentia sufocado, mesmo o ventilador parecia não ajudar, decidiu então dar uma volta para ver se ao arejar a cabeça, refrescasse também ao corpo. Bem sabia ele que estava realmente necessitando disso, pois se encontrava extremamente infeliz nos últimos tempos, apesar de ter tudo o que sempre quis, lhe parecia que o vazio existente em seu peito, não se preenchia nunca, não importasse o quanto ele tentasse. Nada parecia ser o suficiente, e cada dia era como se fosse um suplicio, e não uma dádiva, como se tudo que ele precisasse estivesse próximo a escapar para sempre de seus dedos, mas ele procurava não pensar nesse tipo de coisa, pois eram coisas que ele não compreendia.
Anthony vestiu-se rapidamente e saiu de seu quarto, logo se encontrava no jardim da casa, a lua estava cheia e brilhava lindamente, “pena as estrelas não serem mais visíveis por aqui”, pensou ele, pois a poluição as ocultava. Perdido em pensamentos triviais ele continuou andando, sem rumo, permitindo que seus pés o levassem para onde desejassem, olhando sem ver, sem se preocupar com nada. Ele já não sabia há quanto tempo caminhava, nem desejava por sinal, e muito menos sabia onde se encontrava quando despertou de seu devaneio.
O bairro era nobre e possuía belas casas que se estendiam a sua frente, de várias cores e formatos, uma mais esplendorosa que a anterior, Anthony se sentia pequeno diante de tanto luxo, se sentindo de súbito extremamente cansado, ele se senta na sarjeta em frente a uma casa vermelha, do outro lado da rua havia uma casa rosa bebe, linda. Sentado, ele espera pacientemente, por algo que ele não sabia o que era, ele simplesmente sabia que devia esperar, por isso esperava.
E então sua espera se finda, ele soube assim que a viu, e embora cético, naquele momento ele acreditou que o destino realmente existia, pois essa lhe parecia a única explicação lógico para o que sentia, por mais ilógica que parecesse.
Atordoado e ainda pensativo ele levanta meio desengonçado e sorri, sua espera havia acabado, era por aquilo que esperara, aquele singelo momento, e parecia-lhe incrivelmente inacreditável que o tempo todo ele soubera o que lhe faltava para estar completo e, exatamente onde encontrá-lo, e mesmo assim só viera a perceber agora, como se ele tivesse de passar por tudo pelo que passou para que estivesse pronto para isso, como um caminho a muito traçado, um momento escrito, não na carne, pois a carne é fraca; mas sim na alma, que é eterna.
Do outro lado da rua, em frente a casa rosa, Alice o olhava atentamente, um pouco assustada, mas ao mesmo tempo atraída, era estranho mas aquele homem a sua frente que mais parecia um mendigo, a fazia sentir-se estranha somente com o olhar, era algo indescritível o que sentia, nunca sentira aquilo antes, ela sentiu medo, sempre se sentia assim quando se deparava com algo que desconhecia, “de fato, sou uma medrosa”, pensou ela
Ignorando as batidas desesperadas de seu coração que praticamente implorava que ela fosse falar com o estranho homem de olhos verdes que pareciam ver a sua essência, ela prosseguiu com seu plano de caminhar, afinal; “uma mulher precisa cuidar de seu visual e de sua saúde”, se convenceu ela que pensava seriamente em desistir de caminhar aquele dia.
Ao ver aquela que já sentia como sua, pela qual ele atravessaria o Saara quantas vezes fosse necessário, se afastar dele de olhos arregalados e amedrontada, Anthony se sentiu incrivelmente infeliz, e antes que pudesse ponderar sobre o que devia fazer e como agir perto da moça, se viu correndo em direção a esquina pela qual ela havia sumido de sua vista.
Ele correu como se o mundo estivesse acabando, como se o Extraterrestres afinal estivessem invadindo a terra e, sua vida dependesse daquilo, por certo, para ele dependia.
Alice que fazia sua corrida matinal tentando com todas as forças racionais existentes em seu ser não pensar sobre o maníaco, como ela o chamava nas fortalezas secretas de seus pensamentos, notou que ele a seguia e começou a corre mais rápido do que nunca. Tomada pelo medo dele ser uma pessoa perigosa, um psicopata ou algo do tipo, se lembrou da rua do bar que existia ali perto, ela só precisava despistá-lo e estaria livre. Mas não era isso que seu coração desejava, ela sabia, no entanto não se importava.
Ela chegou a rua do bar, que infelizmente para ela ainda se encontrava fechado, também pudera, eram 6 horas da manha, como ela constatou ao verificar seu relógio de pulso, pensou em ligar para o irmão vir buscá-la, mas lembrou-se que deixara o celular em casa aquela manha, pois estava com a bateria descarregada e de nada lhe serviria.
Alice se sentia como uma corsa encurralada contra uma montanha, e desistindo de ser racional, e rezando - apesar de ironicamente não ser cristã – para que seu maníaco, não fosse realmente um maníaco.
Anthony a perdera de vista, mas logo a avistou, encostada em uma parede no fim da rua, ela estava com os braços cruzados e o observava com um ar impaciente e até mesmo, ele suspeitava, de superioridade. Ele se controlou da melhor forma que pode para não sorrir como um idiota, pois sabia que aquilo só iria assustá-la mais ainda.
Alice o observava atentamente enquanto buscava lembrar e memorizar em sua mente todas as dicas de defesa pessoal que seu personal trainer lhe dera semanas atrás. A contra gosto porem teve de admitir, ele era muito bonito afinal; alto, ombros largos, cabelos pretos como a noite, olhos extremamente verdes, lábios carnudos, e parecia ter o habito de malhar.
Lentamente ele se aproximou dela, até estar a apenas alguns centímetros dela, o cheiro dela era inebriante, não era doce, era forte e ao mesmo tempo suave, e os olhos dela eram como um poço sem fim que queriam arrastá-lo para seu interior, azuis vibrantes, e os cabelos que emolduravam seu rosto dotado de uma beleza impar, única, eram extremamente negros, inconscientemente seus olhos desceram pelo corpo da mulher, notando como era perfeito, nas medidas exatas, nem magra e nem gorda.
_Quem é você? – perguntou ela impaciente, pois aquela demora a estava deixando ainda mais apavorada, ela evitava de todas as formas olhar nos olhos dele, pois ela sabia que se o fizesse poderia não responder por seus atos.
E sua voz soou como música aos ouvidos dele, como mais perfeita composição já criada, era tão perfeita quanto à dona.
_Anthony – respondeu ele com um sorriso torto, que era, ao mesmo tempo sexy e bobo – e o seu?
Buscando ocultar o que sentia com todas as fibras de seu ser, ela respondeu:
_Alice.
Ele então se aproximou mais dela, levando sua mão ao rosto dela lentamente, era como se o tempo tivesse parado naquele ínfimo instante enquanto seus dedos seguravam delicadamente o rosto de sua musa, e fazendo com que ela o encarasse. E ela o fez, se perdendo em seguida no verde liquido dos olhos dele, e se sentindo sem chão, ela não queria sentir aquilo,e sua razão lhe dizia que ela deveria correr e fugir para o mais longe possível, mas seu coração já estava perdido, ele nunca mais lhe pertenceria.
Jogando tudo pro alto, todos os seus medos e receios ela o puxou para si, aproximando seus lábios dos dela, seu corpo explodiu em jubilo, era como voltar para casa, como comer a comida da mãe após estar a muito tempo sem fazê-lo, era surreal, inacreditável, insano. Mas ela gostava, e ávidos eles procuravam cada vez por mais no rosto do outro, como se fossem ambos feitos em Braille, se reconhecendo de remotas eras, de vidas passadas talvez. Pois quando dois corações se reconhecem, já não existe razão.

***

Decidi variar e postar um conto, de minha autoria também, espero que gostem.

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4 comentários:

  1. Bem, o que eu tenho a dizer? já te disse pessoalmente que adorei e me surpreendi quando li teu manuscrito. Segue em frente com ele, vai valer a pena, e quero muito saber osignificado desse titulo.

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  2. Espero ansioso pela continuação.
    Belo conto xu ;*

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  3. Uaauu!! Fascinante!! *.*
    Parabééns Xará!!!!
    quero maaaais!! hahahaha
    bjuus

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  4. melhor q o texto soh a escritora :X ficou muito fera dezy o/ ;*

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