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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Rosa despedaçada





Rosa vermelha que sangra na noite.
Suas pétalas de vidro partindo-se na nevoa densa.
Pode ser impressão minha.
Mas acho que posso ouvir seu choro no vento.
Enquanto os morcegos serpenteiam sob nós.
Sangrando, sangrando.
Eu sei o que você sentiu quando foste arrancada da terra.

Rosa sangrenta que escorre no esgoto.
Sua cor dissolvendo-se na merda.
Seus soluços ecoando na tubulação.
Meu pranto cassoando a lógica de teus membros partidos.
Teus olhos vidrados no vidro encaram-me em minha existência insalubre.
Somente meus, irão comigo até os sete palmos de terra.

Rosa destroçada em mentiras.
Seus cabelos agora nadam na urina daqueles que enganou.
Em tuas teias de vaidade malignas que a tantos engendrou.
Jamais saberão, que tuas pétalas suaves de veludo.
Uma a uma eu rasguei, lançando-lhe a teu merecido lugar entre os despejos humanos.
Oh maldita das criaturas.

Rosa vermelha em pecado.
Teus espinhos malignos perfurara-me a razão.
Arrancando meu coração e carne em um único sussuro doce.
Seu perfume adorável, agora é tão podre quanto tua alma.
Desgraçada.

Rosinha fútil cujos lábios em orvalho me levaram ao paraíso.
Teus seios rendondinhos como lua cheia hoje bóiam no álcool.
Meus! Completa e irrevogavelmente meus!
Tua serpentuosa língua dei de comer ao teu gato.
A peste saboreou com gosto e pediu mais.
Dei-lhe tuas mãos e pés, que jamais tocarão outro homem.
Perversa!
Você é a escória mein Rose am schönsten!
Por todo mundo as mulheres envergonhar-se-iam de ti!
Cadela!

Sim rosa, cujos olhos observam-me enquanto me satisfaço pensando em tua boca de [fada.
Teu coração eu guardei, como quem guarda a mais preciosa das coisas.
Sabe onde?
Em minha soberba barriga que tanto adoravas.
Pois assim ele viraria merda, assim como o resto de ti.
Maldita entre as amaldiçoadas criaturas que caminham sobre a terra.
Que apodreças no limbo enquanto saboreio o ocre gosto de tua ausência.
Querida...



NA: Sim, eu gosto de rosas vermelhas ;p

Os Sete {Parte VI}


Gula
Enquanto você procura de todas as formas imagináveis um corpo perfeito, ele te tenta no ócio a buscar aquele delicioso e irresistível prazer de fácil alcance. Mas se ele já não te inspira esse anseio, a quem você culpa por seus deslizes gastronômicos



Pela manhã do sexto dia a Gula adoeceu, ou melhor, o Gula, já que apesar do nome feminino o glutão era um homem, baixinho e obeso, de olhos roliços e monocelha.

Naquele fatídico dia, Gula apesar de lhe levarem os mais diversos e deliciosos pratos não possuía apetite algum e quando, por protesto a sua infeliz condição, cometeu o erro de obrigar-se a ingerir algo, botou até os bofes pra fora, junto de lágrimas salgadas e infindáveis.

Todos da casa foram amontoar-se no quarto do pobre, que era muito querido por todos eles, já que, contando que sempre tivesse comida ao alcance de seus dedos roliços, era portador de uma personalidade de veras amável e encantadora.

Os sete, excetuando o belo Orgulho, choravam copiosa e infelizmente suas pitangas, cada um e todos por suas próprias e compartilhadas dores.

Parecia um circo de horror, a histeria era tanta que Orgulho, com modos de quem não quer nada, partiu em direção a casa da Ardilosa “para tomar uma bebida” e “fazer-lhe companhia”.

A Morte, compreendendo o que ele desejava em silencio, sem se atrever a verbalizar seu pedido, disse-lhe que “não podia ajudá-los” e recomendou-lhe que fizesse um 0800 pro escritório celestial e agenda-se uma entrevista domiciliar com algum dos anjos de plantão.

Cabisbaixo e solitário o Orgulho saiu da casa da bela temida por todos e dirigiu-se ao carvalho partido pela tempestade. De lá fez a ligação para um anjo, colega de bar deu, que trabalhava, por acaso, no escritório celeste.

A conversa foi rápida, pois a situação era gravíssima, mas o escritório só poderia enviar alguém para averiguar a coisa toda, no dia seguinte.

A essa altura a noite já descia pesarosa, seus negros e densos panos, sobre a casa sétima. Abalado, o inabalável Orgulho, abalado dirigiu-se ao seu quarto para “encher a cara”.

-Equilíbrio! Ao inferno com essa merda hic. Malditos anjos...

Do outro lado da casa, em um quarto soberbamente recheado de mini-geladeiras que as pessoas de “catiguria” chamam de frigobar, os 6 exuberantes paspalhos amontoavam-se aos choros, ainda reclamando suas pitangas, que pareciam não ter fim.

E naquela noite na Terra, ninguém repetiu a janta ou atacou a geladeira durante a noite.


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