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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Euevocê.com {Segunda Parte}




No capitulo anterior:
"Porém, em dado momento eu comecei a sentir algo a mais por ele e ele passou a ser a pessoa mais importante da minha vida. Pra começo de conversa eu nem ao menos sabia como reagir a esse tipo de sentimento. Naquele momento meu maior desejo passou a ser estar com ele, em carne e osso. Somente conversar com ele já não era suficientemente bom para mim. Eu precisava tocá-lo."

***


Exceto que não importasse o que eu fizesse, ele ainda permaneceria seis meses no estrangeiro e eu não possuía grana, nem força de vontade suficiente, para ir vê-lo, já que ele poderia me rejeitar, o que colocaria fim a nossa amizade, e eu não poderia suportar isso.
Se você já teve um amigo, que era como a sua ancora em meio as tempestades da vida, uma pessoa tão importante que você não ousaria estragar isso, sabe do que estou falando. Era assim que era Ian para mim, e a menos que eu tivesse certeza do que estava fazendo, eu não tentaria nada com ele. Porque conhecendo a criatura, ele ficaria comigo mesmo que não gostasse tanto assim de mim, somente para não machucar meu coração, que na cabeça dele já estava só o músculo duro, a parte macia já havia sido devorada.
Explico, Ian e eu temos uma teoria na qual cada um dos amores que uma pessoa tem em sua vida, vulgo, paixões, levam uma lasca de nossos corações, assim como nós dos deles, sendo assim, quanto mais paixões malsucedidas uma pessoa tiver, mais endurecida ela vai ficando, já que seu coração também vai ressecando e ficando esburacado. De qualquer forma, não faz muito sentido, é coisa de doido, temos consciência do fato, mas para nós, sempre fez muito sentido.
Então, para ele, o meu coração atualmente é duro como pedra, e vai ser difícil encontrar, debaixo de todo esse músculo endurecido, a parte bela e macia de minha alma. Eu pessoalmente não acredito que seja tão duro assim. Sou até muito amável. Eu acho.
Eu conversava com ele todo dia e o aperto em meu peito aumentava proporcionalmente com o número de vezes que eu via o sorriso dele. O sorriso dele para mim era a coisa mais linda do mundo, ele iluminava o meu pior dia, eu daria qualquer coisa, para ver aquele sorriso depois de um dia cheio trabalhando. O melhor de tudo era que eu não precisava dar nada, era meu simplesmente pelo fato de ser eu mesma. E isso, nem cartão de crédito sem limites paga, sério.
O fato dele dominar a minha alma e meus pensamentos da forma que fazia me preocupava até o cálcio dos ossos. Desesperava-me enquanto eu buscava não demonstrar, de maneira alguma, que meus sentimentos por ele não eram os de uma irmã ou amiga, talvez nunca houvessem sido. Eu tentava não me afastar, ao mesmo tempo em eu desejava não estar tão ligada, porém o que eu sentia era inevitável. Sempre que eu via um sorriso dele, algo em mim derretia, era como um aquecimento global dentro de mim – a metáfora está uma droga, mas é o melhor que posso fazer atualmente, sinto muito.
Foi nessa época, em que me encontrava em um verdadeiro cabo de guerra emocional, que reencontrei Vinicius, o cara com quem eu tinha dado meu primeiro beijo, anos atrás – ao lado de cinco babuínos feios em um zoológico que passei a odiar, já que a experiência foi terrível, fato que foi intensificado pelo tremendo aroma de merda de primata fresca.
Enfim, naquela ocasião eu o conhecia a aproximadamente um mês, mas ele era como o Johnny Bravo bem-sucedido da escola, dois anos mais velho que eu e sonho de consumo de, pelo menos, um terço da população feminina – além de uma pequena porcentagem da masculina que nunca contabilizamos.
Um fato que me envergonha admitir, por ser completa e absolutamente clichê, é que eu era estranha. Sério. Meu cabelo por ser muito enrolado (vulgo armado) dava a impressão de nunca ser penteado – coisa que eu fazia todo dia, juro – chegando ao ponto da mãe de uma de minhas colegas perguntar com maior frequência do que eu desejaria se: “a coleguinha dela (no caso eu) não penteava o cabelo”.
Mas eu só fui saber disso anos depois.
De qualquer forma, eu era magra demais, usava óculos  tinha cabelos enrolados em excesso e gostava de coisas estranhas por excelência – ao menos na cabeça de grande parte das pessoas - para ser considerada alguém desejável pelo sexo oposto, composto por dezenas de jovens de hormônios saltitantes – se é que você me entende.
Então, qual não foi a minha surpresa quando, em um dia que o sol quente como o inferno – ou a boca do fogão de casa quando eu cozinho a minha especialidade; ovo frito – e deprimente a ponto do ápice do dia até aquele momento ter sido a forma como uma abelha flutuava em círculos pela sala de aula. Eu tive a minha primeira conversa com o deus do colégio, a primeira de muitas, diga-se de passagem.
A aula havia terminado a alguns minutos e eu me encontrava conversando sobre um jogo com meu amigo – e fornecedor de vícios – Matheus, que, como sempre, discordava totalmente de mim sobre qual heroína era melhor, a Claire Redfield ou a Jill Valentine.
Como de praxe acabamos desistindo da discussão infinita e cada um foi para um lado com seus bicos gigantescos de frustração. Mas logo que me afastei dele, escutei alguém me chamando e – tcharam – lá estava Vinicius no alto de sua beleza e sabedoria dos seus 17 anos.
- Er... Oi? – respondi crente de que havia sido confundida com outra pessoa.
- Notei que você gosta de jogos, garotas que curtem são raras – disse ele sorrindo.
- Eu acho que não, “não existem pessoas que não gostam de jogos, somente aquelas que nunca jogaram um bom”, como diz meu pai.
- Ah... Legado de família então.
- Pode-se dizer que sim.
- Legal, bom, tenho que ir, amanha nos falamos!
- Claro – eu disse em voz alta, mas em minha cabeça a resposta era “sem chance”.
Sinceramente, eu nunca tive dificuldades para conversar com garotos, acho que porque entre papai e Johann (meu irmão), eu era quase um deles, o que, provavelmente, acelerou o envelhecimento de minha pobre mãezinha - ao menos é isso que ela costuma dizer. Coisa que eu nego até a morte, já que eu brincava de bonecas e coisas tipicamente femininas também.
De fato, eu não tinha muitas pessoas que pudesse chamar de amigos, entre elas, aproximadamente metade era composta por garotas – isso nos deixa com três meninas – era pra elas que eu contava tudo, exceto quando se diz respeito a jogos, era como um tabu entre nós 4, porque quando eu entrava no assunto, simplesmente não parava mais, parecia um robozinho com defeito.
Depois daquele primeiro dia – e nossa conversa de 10 segundos – Vinicius e eu passamos a conversar com frequência, mas era cada vez mais evidente que além da paixão por jogos e tecnologia, não tínhamos nada em comum, absolutamente. Inclusive meu amor por tecnologia era alguns GB maior que o dele, fora o fato que ele não gostava – nem um fio de cabelo – de literatura, já eu era um vórtice devorador de livros – o que explica meu probleminha básico de vista cansada, ao menos em parte.
Mas de alguma maneira nós conseguíamos dar-nos perfeitamente bem, acho que porque limitávamos o assunto aos nossos interesses em comum, assim sendo, nossa amizade – ou coleguismo – foi crescendo.
Nessa época apresentei-o ao meu irmão (eles gostavam exatamente dos mesmos jogos), e então ele passou a frequentar nossa casa o tempo todo para jogarmos. Aos sábados a tarde geralmente juntávamos alguns amigos e jogávamos RPG de mesa. Riamos tanto, que a noite minha boca estava sempre com os lados doendo, assim como meu estomago.
Em dado momento acabamos saindo como um casal, era um domingo a tarde fomos ao zoológico. Foi lá que tivemos nosso primeiro beijo, que foi simplesmente uma merda, eu não sabia o que fazer com a língua, muito menos com as mãos, além de não conseguir decidir se deveria manter os olhos abertos ou fechados. Imagino ter ficado com um olhar meio possuído, já que devo ter permanecido no meio termo.
A boca dele tinha gosto de sorvete de baunilha, a minha de morango, provavelmente.
O fato é que, como já disse anteriormente, o lugar estava cheirando a caca de macaco, não foi nada romântico. Não é que eu sonhe com príncipes encantados ou algo parecido, mas eu era uma menina e definitivamente merecia um primeiro beijo que não cheirasse a merda. Para piorar a situação, após nosso desengonçado beijo, quase levamos uma saraivada de merda – acho que incomodamos os primatas com nossa insignificância – só não fomos atingidos porque eles começaram a gritar muito, então olhamos para eles e vimos seus planos maléficos refletidos em seus olhos sagazes e corremos ao estilo “salve-se quem puder”.
Depois disso nós saímos mais algumas vezes – que foram igualmente um fiasco – até aceitarmos o fato de que não era pra ser e voltamos nosso relacionamento para solteiro na rede social da época.
Separar-me de Vinicius foi fácil, pois eu nunca havia sentido nada – romanticamente falando – por ele, acredito que confundi as coisas – infelizmente depois disso ainda fiz isso várias vezes. Refiro-me a confundir as coisas.
De qualquer forma, meses depois ele mudou-se para outra cidade, bem longe da minha e eu perdi o contato com ele, pois mesmo tendo ele no Messenger, não tínhamos muito o que falar e a vida fez seu trabalho, transformando-nos em estranhos com um passado em comum.
Até o momento em que o vi de novo, justamente no momento em que estava mais confusa e fragilizada.



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